RIO - Como baterista que se preza, integrante, em sua
juventude, da banda-mais-famosa-que-Jesus-Cristo, Ringo Starr, é claro,
já viu o filme “Whiplash” — aquele concorrente ao Oscar sobre um jovem
aspirante a ritmista de jazz que passa péssimos bocados nas mãos do
tirânico regente da banda do conservatório.
— Graças a Deus eu não fui torturado por aquele homem! Mas
fiquei com um sorriso estampado no rosto naquela parte em que as mãos
dele estão sangrando. Porque numa das músicas dos Beatles eu gritei
“Meus dedos estão sangrando!” — recorda-se o sempre bem-humorado Ringo
(em referência à música "Helter skelter", na qual, na verdade, pode ser
ouvido gritando “Tenho bolhas nos meus dedos!”), durante os cinco
minutos de entrevista para falar dos shows que faz no Brasil no mês que
vem, com a sua All-Starr Band.
Em sua terceira passagem pelo Brasil, o Beatle passa por São
Paulo (dia 26, no HSBC Brasil) e pelo Rio (dia 27, no Vivo Rio), cidade
em que se apresentou uma só vez, em 2011, na sua primeira visita.
— O Rio é sensacional, a energia é ótima, todo mundo gosta
de música, todo mundo gosta de dançar... É uma festa do amor — anima-se o
baterista, lamentando não ter podido passar pela cidade quando esteve
da última vez no Brasil, em 2013 (foi só a São Paulo e Curitiba). — É
assim, quando você está em turnê, em algumas vezes você consegue ir aos
lugares, em outras não...
As memórias de Ringo em seu dia carioca de 2011 são, digamos, curiosas.
— Choveu o dia inteiro. Nunca tinha visto isso! — brinca o
inglês. — Da janela do meu quarto eu vi uma praia bem grande. Mas
chovia, né? Foi a pior ocasião para estar no Rio, mas, musicalmente, nós
nos divertimos muito.
No ano seguinte à primeira turnê brasileira, Ringo lançou o
álbum “2012”, com a canção “Samba”, um rock com sabor vagamente latino,
feito em parceria com o letrista Van Dyke Parks. Teria isso algo a ver
com a passagem pelo país?
— Tem a ver com ter estado na América do Sul. E, só para
deixar você feliz, sim, tem a ver com ter estado em São Paulo! — ironiza
ele, mais uma vez, o repórter carioca. — Eu cheguei para o Van Dyke com
a frase “você sempre vai ser samba para mim”, e aí começamos a fazer a
canção. É por isso que eu adoro o processo de composição. A partir de
uma frase, construímos todo um outro universo em três minutos.
Em processo parecido, nasceu “Bamboula”, canção com Parks
que estará no álbum solo “Postcards from paradise”, a ser lançado ainda
neste ano.
— “Bamboula” é o nome de um tambor africano que foi parar em New Orleans. Foi algo que surgiu do nada, de uma batida que ouvi. A canção tem que começar de algum lugar, e aí você vai levando — diz Ringo, sem adiantar muito sobre o disco. — Esse novo álbum reflete o processo criativo que vivi no ano passado.
— “Bamboula” é o nome de um tambor africano que foi parar em New Orleans. Foi algo que surgiu do nada, de uma batida que ouvi. A canção tem que começar de algum lugar, e aí você vai levando — diz Ringo, sem adiantar muito sobre o disco. — Esse novo álbum reflete o processo criativo que vivi no ano passado.
Para executar sucessos de sua carreira solo, dos Beatles e
dos integrantes de sua banda, Ringo traz agora praticamente o mesmo time
com que veio ao Brasil em 2013: Steve Lukather (guitarra, do Toto),
Richard Page (baixo, do Mr. Mister), Gregg Rolie (teclados), Todd
Rundgren (guitarra e teclados), Gregg Bissonette (bateria) e Warren Ham
(sax, no lugar de Mark Rivera).
— Adoro essa banda, temos grandes canções. Mas a turnê
sul-americana será a última com ela — diz. — O conceito da All-Starr
Band era o de que eu montaria uma banda e tocaríamos por um ano, um ano e
meio. Mas me diverti tanto que resolvi mantê-la por mais um tempo.
fonte: O Globo
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