John Lennon considerava seu próprio radicalismo político como "falso"

Foto Bob Gruen

Em uma das últimas entrevistas que John Lennon concedeu, uma reportagem publicada na edição de 29 de setembro de 1980 da revista Newsweek, ele mostrou seu arrependimento como ativista político.

Nessa conversa, Lennon chamou seu álbum solo de 1974, Walls and Bridges , de uma obra "sem inspiração" e descartou qualquer idéia de uma reunião dos Beatles, expressando sua frustração geral com o trabalho adorado que eles já haviam feito: "Há muitas músicas dos Beatles que eu regravaria. Elas nunca ficaram do jeito que eu queria", disse ele.

Talvez o arrependimento mais surpreendente que Lennon compartilhou, no entanto, tenha sido o relacionado ao seu ativismo político no início da década de 1970, quando ele e Yoko Ono frequentemente se colocavam na linha de frente de debates políticos controversos, desde a prisão de John Sinclair até os motins na prisão de Attica e o movimento feminista. Durante esse período, muitos fãs originais dos Beatles se afastaram de Lennon, mas também conquistou o apoio mais devoto e fervoroso de pessoas que reconheciam os riscos que ele corria ao usar seu poder e influência para falar em nome de grupos e pontos de vista de esquerda.

“Aquele radicalismo era falso, na verdade, porque era motivado por culpa”, disse ele à Newsweek , confirmando essencialmente uma teoria que muitos de seus detratores já suspeitavam há tempos.

“Eu sempre me senti culpado por ganhar dinheiro, então eu tinha que doá-lo ou perdê-lo. Não quero dizer que eu era hipócrita. Quando acredito em algo, acredito até a raiz. Mas, sendo um camaleão, eu me tornava quem estivesse comigo. Quando você para para pensar, o que diabos eu estava fazendo lutando contra o governo americano só porque Jerry Rubin não conseguiu o que sempre quis – um emprego tranquilo e confortável?”

John e Yoko eram amigos próximos do ativista Jerry Rubin no início dos anos 70 , que acabou largando, se tornando um milionário da Apple Computers, mas a relação azedou entre eles, começando por volta da época em que o presidente Richard Nixon iniciou uma campanha para deportar Lennon . Após uma longa luta, Lennon conseguiu o direito de se estabelecer nos Estados Unidos, mas pareceu espiritualmente e criativamente desmoralizado depois disso, afastando-se da política e da indústria musical para se concentrar em sua vida familiar com Yoko.

source: Far Out Magazine