quarta-feira, 13 de julho de 2011

Fotografias inéditas do primeiro show dos Beatles nos EUA vão a leilão


Em fevereiro de 1964, quando os Beatles desembarcaram pela primeira vez em Washington D.C., o fotógrafo americano Mike Mitchell, então um jovem freelancer de 18 anos de idade, sacudiu o crachá de imprensa no ar e abriu um espacinho na multidão que se aglomerava na Union Station para fazer uma foto- Paul McCartney sorrindo com os lábios e com os olhos.
Na mesma tarde, quando os meninos de Liverpool se reuniram em torno de uma mesa retangular para atender os jornalistas que queriam saber tudo sobre o primeiro show da banda nos Estados Unidos, Mitchell também estava lá. Registrou os olhares de excitação dos ingleses e dos repórteres a sua frente.
Horas mais tarde, quando o quarteto finalmente subiu ao palco do Washington Coliseum e incendiou para sempre a plateia americana, lá estava ele de novo. A menos de um metro de distância de John, Paul, Ringo e George, clicou o entusiasmo da estreia.
- Na hora não me dei conta de que estava vivendo um momento histórico, vendo uma verdadeira invasão britânica - diz Mike Mitchell ao GLOBO, por telefone.
- Eu só pensava em clicar, em aproveitar a luz ambiente, a única que eu tinha, e em exercitar minha habilidade com retratos. Eu não era um fotógrafo de eventos. Minha câmera não tinha flash nem zoom, e meu filme era preto e branco. Precisava me virar.
Então o menino que tinha ganhado uma câmera Brownie Hawkeye de presente do pai e que passava horas debruçado sobre as páginas da revista "Life" para admirar as fotografias de W. Eugene Smith tirou quase 600 fotos. Vinte rolos num piscar de olhos. E isso porque ainda não era fã do quarteto e, em tempos pré-paparazzi, cumprimentou Paul diante de uma máquina de Coca-Cola e nem registrou o momento.
- Aí voltei para casa e guardei tudo no porão - lembra o fotógrafo. - Eu sabia que tinha presenciado algo importante, mas só tive a dimensão do todo muitos anos mais tarde.
E, se não fosse pela crise econômica que aterrorizou os Estados Unidos e bateu com violência à porta do fotógrafo, o mundo jamais teria visto os retratos da estreia dos Beatles na América.
Em 2008, preocupado em fazer um pouco mais de dinheiro, o fotógrafo de arte resgatou entre as tralhas de seus porões os vinte rolos daquela temporada. Mostrou-os ao amigo Russ Lease, um dos maiores colecionadores dos Beatles hoje em dia, e enxergou um pote de ouro:
- O Russ ficou extasiado, parecendo menino bobo. Me disse que eu tinha raridades, me estimulou a limpar e a escanear tudo e a procurar a Christie's para um leilão. Demorei mais de 500 horas para restaurar o que tinha, mas valeu a pena. As fotos são ótimas.
Graças a isso, desde segunda-feira, a casa de leilões expõe em sua sede em Nova York 46 dos 600 retratos dos Beatles nos Estados Unidos - os melhores e mais bem conservados depois de quase 50 anos de muito mofo e poeira.
Na próxima quarta-feira, a casa leva as fotos a leilão, em lotes individuais com preços iniciais que oscilam entre US$ 500 e US$ 6 mil. A intenção é arrecadar pelo menos US$ 100 mil.
- Acho a cifra conservadora - adiantou Cathy Elkiers, responsável pelo leilão na Christie's. - Beatles é como Marilyn Monroe. Tem alto potencial de venda entre fãs e colecionadores e deve superar esse valor facilmente. Para ícones pop desse porte, o céu é o limite.
Entre as imagens, a que deverá gerar maior frisson, segundo Cathy, é, curiosamente, a que mostra a banda de costas.
- Ela tem uma boa composição, boa luz, marca as silhuetas dos quatro e é enigmática.
O lance inicial pela imagem é de US$ 2 mil. A Christie's aceita compras internacionais por telefone, fax ou e-mail. Ainda oferece em seu site uma janela em que o internauta acompanha o trabalho do leiloeiro ao vivo e realiza ofertas com um único clique.
Você pode ver algumas fotos clicando aqui

fonte:http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/07/12/fotografias-ineditas-do-primeiro-show-dos-beatles-nos-eua-vao-leilao-na-semana-que-vem-em-nova-york-924888292.asp

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