O escritor Kenneth Womack ficou investigando a história de Mal Evans por três anos, um assistente dos Beatles, cuja descrição multifacetada de trabalho incluía roadie, guarda-costas, fazedor de chá...
Quando Evans viu os Beatles pela primeira vez no Cavern Club de Liverpool, algo mudou dentro dele. “Ele ficou embriagado”, diz Womack. Dentro de um ano, ele estava trabalhando como segurança do clube. No ano seguinte, ele largou seu respeitável emprego para conduzir o grupo em uma turnê por todo o país. E, quando a Beatlemania os enviou ao redor do mundo, Evans os seguiu, carregando as guitarras e os amplificadores.
Depois que os Beatles pararam de fazer turnês, Evans os ajudava no estúdio, durante as gravações como tocar um pandeiro em Strawberry Fields Forever, tocou o despertador em A Day in the Life e colocou uma letra para Here, There and Everywhere. Mas quando a banda se separou e as próprias ambições de Evans como compositor e produtor vacilaram, ele mergulhou no desespero. Terminou com sua morte misteriosa, aos 40 anos, baleado por policiais de Los Angeles em sua casa, após confrontá-los com um rifle.
“Quando os materiais chegaram à minha casa em Nova Jersey [da família de Evans], fiquei impressionado”, diz Womack. “Mal guardou materiais magníficos. Ele colecionava letras, coletava recibos qualquer coisa que fosse deixada para trás. Ele foi uma espécie de primeiro historiador dos Beatles.”
Com esses materiais, Womack escreveu a primeira biografia completa de Evans, publicada este mês. No próximo ano, ele lançará um segundo volume, proporcionando uma visão não expurgada do arquivo para “permitir que os fãs dos Beatles estudem eles próprios os materiais e façam conexões que podem ter escapado a todos nós”.
A peça central é o diário de Mal Evans, que ele manteve durante toda sua permanência na banda, complementado por um livro de memórias inédito no qual ele estava trabalhando no momento de sua morte. Para historiadores como Womack, estes materiais são inestimáveis. “O diário de Mal nos ajuda a identificar muitos aspectos da linha do tempo”, diz ele. “Então isso vai mudar a forma como os estudiosos dos Beatles pensam sobre sua história.”
Nas memórias, Evans é mais aberto sobre seu relacionamento com os membros da banda. Ele era próximo de Paul McCartney, mudando-se para sua casa e passando o tempo em sua sala de música enquanto as músicas eram compostas. “Passaríamos muitas noites agradáveis naquele quartinho no andar de cima da casa dele”, escreve ele. Seu relacionamento com John Lennon era bem diferente. “John sempre foi o mais difícil de conversar”, escreve ele. “Sempre pensei que, quando John parou de me insultar, tínhamos brigado como amigos.”
“Mal, em seus pensamentos particulares, claramente desejava ser uma estrela”, observa Womack. Na verdade, seu arquivo está repleto de reminiscências do estilo de vida de celebridade que ele desfrutou na comitiva dos Beatles. Em suas memórias, ele descreve ter ficado “tão nocauteado” quando McCartney o colocou ao telefone com Elvis Presley. Em uma carta para sua esposa, Lily, ele fala sobre uma visita à mansão de Burt Lancaster: “George, Ringo e eu fomos nadar e Burt me emprestou seu próprio calção de banho pessoal. Você pode imaginar como me sinto emocionado.”
Essas cartas para casa eram raras e por viver sua vida de fantasia de celebridade, Evans negligenciou suas responsabilidades para com Lily e seus dois filhos. Ele perdeu o nascimento de sua filha, foi constantemente infiel e acabou abandonando totalmente sua família.
“Como uma homenagem ao meu pai, Peter Jackson chamou o software usado no documentário Get Back de MAL”, observa o filho Gary Evans com orgulho.
source: The Guardian
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