Certamente, todo mundo conhece John, Paul, George e Ringo. Os mais
informados sabem também quem são Pete Best, Stu Sutcliffe, George Martin
e Brian Epstein. Mas quase ninguém, talvez só os mais apaixonados
beatlemaníacos, já ouviu falar em Freda Kelly. Até agora.
Adolescente
em Liverpool nos anos 1960, Freda foi secretária dos Beatles por 11
anos, mais do que os dez em que a banda ficou em atividade. Sob os
protestos do pai, ela começou na função aos 17 e passou a ser
responsável por cuidar das milhares de cartas que chegavam mensalmente
para o quarteto que redefiniu os rumos do rock. Com rara discrição,
Freda se notabilizou por se recusar a dar entrevistas, afastou-se
daquela rotina tresloucada que levava ao lado dos Beatles e deu
sequência à sua vida como secretária. Mas, 40 anos depois de pedir
demissão, ela resolveu falar: sua história está retratada no
documentário “Nossa querida Freda — A secretária dos Beatles” (“Good Ol’
Freda” no título original), que estreou nesta sexta-feira nos EUA e que
terá sua primeira exibição no Brasil pelo Festival do Rio, entre 26 de
setembro e 10 de outubro.
O filme só pôde ser feito porque a
família de seu diretor, Ryan White, é amiga da de Freda. A
ex-secretária, então, aceitou falar sobre o período que passou com a
banda, um depoimento inédito que inclui declarações como “John era um
homem de muitos humores, dependia de como ele acordava pela manhã” e
“Paul criou a Magical Mistery Tour para tentar mantê-los juntos, mas não
funcionou”.
— Muitas pessoas tentaram que Freda escrevesse um
livro ou desse entrevistas, mas ela sempre se recusou — conta White, em
entrevista por telefone ao GLOBO. — A verdade é que foi ela que me
convenceu a fazer o filme. Como nós já nos conhecíamos, a Freda me
procurou há alguns anos, porque queria alguém em quem confiasse para
poder contar sua história. Ela sempre ficou na sombra, nunca circulou.
Até para achar fotos antigas com ela foi difícil, porque seu nome nunca
aparecia como palavra-chave para a busca em arquivos.
No próprio
documentário, Freda, hoje uma mãe de família de 69 anos, diz que
resolveu falar para que seu neto ficasse orgulhoso do que ela fez no
passado. A ex-secretária passou a trabalhar para os Beatles em 1961 a
convite de Brian Epstein, empresário da banda que se suicidou em 1967.
Antes, ela já era fã do grupo, que conheceu em shows no histórico Cavern
Club, em Liverpool. Mas foi trabalhando para os Beatles que Freda
passou a ter um contato e, claro, um carinho maior pelo quarteto.
O documentário começa com o som de uma ligação telefônica, em que os quatro agradecem Freda pela “maneira como ela os tratou em 1963”, nas palavras de John Lennon. Dali, vão se alternando entrevistas com Freda, seus amigos e parentes, e também com algumas figuras especiais para a história. Paul McCartney, segundo o diretor Ryan White, não pôde dar entrevista porque estava atarefado com a preparação de um show para os Jogos Olímpicos de Londres, no ano passado. Mas, nos créditos de “Nossa querida Freda”, Ringo Starr, o outro Beatle ainda vivo, dá seu recado para a ex-secretária, dizendo que ela era parte da família.
O documentário começa com o som de uma ligação telefônica, em que os quatro agradecem Freda pela “maneira como ela os tratou em 1963”, nas palavras de John Lennon. Dali, vão se alternando entrevistas com Freda, seus amigos e parentes, e também com algumas figuras especiais para a história. Paul McCartney, segundo o diretor Ryan White, não pôde dar entrevista porque estava atarefado com a preparação de um show para os Jogos Olímpicos de Londres, no ano passado. Mas, nos créditos de “Nossa querida Freda”, Ringo Starr, o outro Beatle ainda vivo, dá seu recado para a ex-secretária, dizendo que ela era parte da família.
— A
Freda diz claramente que aquela foi a melhor década de sua vida. Mas ela
nunca ficou rica, nem famosa. Foi um período que ficou no passado, e de
que ela se orgulha muito — afirma White. — E foi muito interessante
perceber como ela realmente não ficava mais falando sobre eles por aí.
No lançamento do filme, no festival South by Southwest (SXSW), depois da
sessão, a filha de Freda veio falar para mim que não conhecia 95% das
histórias que estão no documentário.
Apesar de ter aceitado falar
pela primeira vez sobre os Beatles, Freda se manteve respeitosa e evitou
entrar em polêmicas acerca do comportamento da banda. Ela chega a
relatar uma briga com John Lennon em que o fez o beatle se ajoelhar para
pedir perdão, sob a ameaça de a partir dali só trabalhar para os outros
três. Mas não vai muito além na intimidade do quarteto. Um dos momentos
mais curiosos do filme é quando o diretor faz a pergunta que todo mundo
que está lendo este texto deve estar se fazendo. “Você saiu com algum
deles ?”, diz White.
Freda fica alguns instantes em silêncio e
responde que não. Mas, após mais alguns segundos, pede para mudarem de
assunto. “Isso é passado agora”, conclui a ex-secretária, pouco antes de
lembrar que correram boatos em 1965 de que ela e Paul iriam se casar.
—
Freda sempre me disse que há muita coisa sobre os Beatles nessas
biografias e filmes ruins que não é verdade ou que é exagerada. Mas que
ela não queria, e nem eu queria, fazer um filme que ficasse abordando
fofocas — explica White.
Muito graças à enorme base de fãs que os
Beatles ainda têm no mundo, “Nossa querida Freda” tem encontrado um
caminho fértil pelos festivais de cinema. Desde o SXSW, em março, já
foram mais de 20. Também já estão programadas exibições especiais e
debates sobre o documentário até novembro. Mesmo para a produção, o
filme se apoiou nos fãs, com uma campanha para arrecadar recursos pelo
site de crowdfunding Kickstarter: White conseguiu US$ 58 mil da meta
inicial de US$ 50 mil.
— Sabe que eu pensei que seria mais fácil
conseguir financiamento? Pensei no Kickstarter justamente por causa dos
fãs dos Beatles, mas acho que é uma plataforma muito nova, e nosso
público-alvo principal é uma geração mais velha, não acho que eles estão
acostumados a colaborar com crowdfunding. Mas tivemos até fãs no Brasil
colaborando — afirma o diretor.
Outro fato raro do filme é ter
conseguido a liberação de quatro músicas dos Beatles — “I saw her
standing there,” “I will,” “I feel fine” and “Love me do” —, entre 20
canções da época que entraram na montagem final do documentário.
Mas
o maior trunfo, definitivamente, é ter a simpática Freda Kelly
relembrando seu passado, remexendo seu baú e dizendo frases que só
alguém que fez parte da história da música pop poderia soltar: “Eu era
apenas uma secretária naquela época, e o engraçado é que ainda sou
secretária hoje. Você quer mesmo ouvir uma história de secretária?”
Claro que sim, Freda.
fontes: http://oglobo.globo.com/cultura/pela-primeira-vez-em-50-anos-secretaria-dos-beatles-fala-sobre-banda-em-documentario-9859579
e http://www.latimes.com/entertainment/movies/moviesnow/la-et-mn-good-ol-freda-review-20130906,0,7622608.story
ou http://www.foxnews.com/entertainment/2013/08/28/long-serving-beatles-secretary-freda-kelly-finally-breaks-her-silence/
Nenhum comentário:
Postar um comentário