segunda-feira, 15 de maio de 2017

Nova biografia de Paul McCartney quebra sua aura de bom moço

Rancoroso, inseguro, avarento, cruel, medroso.
Assim pode ser definido o Paul McCartney que brota das 856 páginas da mais nova biografia do ex-Beatle, escrita pelo jornalista inglês Philip Norman. Ela sai no Brasil no próximo dia 2 de junho.
Seria injusto com Norman dizer que ele exagera ao destacar defeitos de Paul. Mas é clara sua intenção de mostrar um biografado mais humano, distante do bom-mocismo atribuído pelos admiradores do músico inglês.
Só agora, perto de completar 75 anos no próximo dia 18 de junho, é que Paul tem expostos atritos com Linda (1941-1998), sua mulher por três décadas. A relação entre o músico mais famoso do mundo e a herdeira milionária da Eastman Kodak passava a impressão de felicidade constante, do tipo família em anúncio de margarina.
Os problemas do casal, insinuados em outras biografias, ganham corpo. Ao descobrir que Linda planejava lançar uma autobiografia com um "ghost writer", Paul interrompeu a preparação. "Só há uma estrela nesta família", disse, encerrando o caso.
Mas há muitas declarações de Paul, posteriores à morte de Linda, agradecendo o apoio dela na pior fase de sua vida, os anos seguintes à separação dos Beatles.
Paul foi tomado por uma insegurança que o levou a um quadro de depressão. Ele disse se sentir jogado no lixo, acreditando que nunca mais faria sucesso sem a banda. "Não sei como Linda aguentou viver comigo naquele tempo" é a afirmação dele.
Aparecem exemplos pontuais que exprimem rancor de Paul com Yoko Ono, mesmo que nos últimos tempos ele apareça sorridente ao lado da viúva de John Lennon em eventos do legado Beatle. Os fãs do quarteto que insistem em culpar Yoko pela separação da banda ganham alguma munição extra.
MUDANÇA RADICAL
Quem conhece as biografias anteriores de Norman focando o universo dos Beatles sentirá uma mudança radical. Em 1981, ele vendeu um milhão de cópias só nos Estados Unidos com "Shout!", a história da banda que foi lançada poucos meses depois do assassinato de Lennon, em dezembro de 1980.
Paul aparece ali como egocêntrico, fútil e supervalorizado no trabalho de composição da banda. Repercutiu muito na época a definição de Norman, dizendo que John Lennon representava 3/4 do talento dos Beatles.
Em 2008, ele lançou "John Lennon: a Life", com Paul colocado para escanteio, mas de uma maneira um tanto respeitosa, vale ressaltar.
Desta vez, Norman parece querer consertar as coisas com o Beatle canhoto, a ponto de dedicar um bom trecho inicial a um pedido de desculpas a Paul. Provavelmente em agradecimento ao biografado, que concordou em ceder sem restrições informações e fontes de pesquisa.

A narrativa é detalhista ao extremo. Isso é bom em algumas passagens, como os tempos de escola, já que Paul chegou aos 16 anos com alguns clássicos dos Beatles escritos, como "When I'm Sixty-four". Mas cerca de 70 páginas dedicadas ao casamento com Heather Mills, de 2002 a 2008, é um indefensável exagero.

Poderia abrir mais espaço para o Paul músico, genial. 
 VOCÊ SABIA?

Algumas passagens da nova biografia

ELE FALTOU AO PRIMEIRO SHOW COM LENNON
Paul não foi à apresentação do Quarryman porque tinha reunião dos escoteiros no mesmo horário

ELE FUMOU MACONHA ATÉ OS 60 ANOS
Só parou para não influenciar a filha caçula, Beatrice

ELE PODE DEMITIR EMPREGADOS DE UMA HORA PARA OUTRA
Principalmente no começo de sua banda dos anos 1970, Wings, ele dispensou funcionários no primeiro erro cometido

ELE NÃO PAGAVA BEM SUA EQUIPE
Empregados que viajavam nas turnês do Wings recebiam 70 libras por semana, o mesmo valor do auxílio-desemprego britânico na época

ELE TEVE MEDO DE SER ESTUPRADO NA PRISÃO JAPONESA
Durante dez dias detido no Japão em 1980, por porte de maconha, ele cantava sem parar seus sucessos para os outros detentos, para ganhar a amizade deles

ELE ASSISTIU A GEORGE HARRISON PERDENDO A VIRGINDADE
A primeira vez do guitarrista foi com uma dançarina alemã. Estavam juntos Paul, John Lennon e Pete Best, baterista do grupo antes de Ringo Starr

*

PAUL MCCARTNEY -A BIOGRAFIA
AUTOR Philip Norman
*TRADUÇÃO*Claudio Carina e Rogério W. Galindo
EDITORA Companhia das Letras
QUANTO pré-venda on-line a R$ 89,90 (856 págs.)

2 comentários:

  1. "herdeira milionária da Eastman Kodak" Essa informação esta incorreta, Linda não tinha nada a ver com a Kodak.

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    1. Verdade...parece que a Linda uma vez tinha negado isso

      valeu Celso

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