sábado, 6 de março de 2021

Paul McCartney reclama dos serviços de streaming

 

Em uma recente conversa, Paul McCartney disse que os pagamentos de streaming dos artistas deveriam aumentar, além de expressar a opinião de que é mais difícil para os artistas novos se manterem financeiramente à tona na indústria da música contemporânea.

Paul fez essas e outras observações interessantes durante um episódio de meia hora de um programa da BBC Radio 4 intitulado The Price of Song.

A cantora e compositora Nadine Shah, que revelou anteriormente que tem problemas para ganhar aluguel apesar de ostentar mais de 100.000 ouvintes mensais no Spotify, e o fundador da Hipgnosis, Merck Mercuriadis, também participaram da edição, que explorou tanto as realidades econômicas do streaming.

"Eu acho que é mais difícil para os artistas agora, infelizmente. É uma porcentagem de pagamento tão pequena.

E o que eles vão te dizer é: ‘Sim, mas se você tiver milhões, ficará bem com essa pequena porcentagem’. Depois de um tempo, se você tiver sorte, terá algum sucesso, e então teu trabalho pode ser sua arte, em vez de você apenas ter que pagar as contas."

“Mas você gostaria de ver uma proporção maior dos royalties voltando para os artistas?” perguntou o entrevistador John Wilson.

"Bem, sim. Eu sou um artista, você sabe, sim. A verdade é que, John, são os artistas que fazem a música.

Você sabe, os Beatles cantaram e tocaram todos aqueles discos. Uma pessoa comum pensaria apenas: ‘Bem, então você fica com todo o dinheiro.’ Tipo, você foi trabalhar, fez todo o trabalho, recebeu todo o dinheiro. Mas, como você sabe, não é esse o caminho." argumentou Paul

Em Outubro do ano passado o governo britânico anunciou que estava realizando uma investigação formal sobre royalties de streaming.

Segundo o presidente do Comitê Digital, Cultura, Mídia e Esporte, Solihull Julian Knight, a investigação tem como intuito determinar “se os modelos de negócios usados pelas principais plataformas de streaming são justos para os compositores e artistas que fornecem o material”.

Além de Nadine, nomes como Ed O’Brien (Radiohead), Jimmy Page (Led Zeppelin) e Gary Numan também se pronunciaram sobre a luta por pagamentos mais justos aos artistas nas plataformas de streaming.

É importante lembrar que nesta semana o Soundcloud anunciou um modelo de negócios que possivelmente será abraçada pelos artistas de menor porte. A plataforma tem como proposta pagar seus royalties com base no consumo do usuário, saiba mais aqui.

Também é importante lembrar que em muitos casos há contratos com gravadoras e/ou distribuidoras que fazem com que as porcentagens aos artistas sejam efetivamente menores.

Essa é uma discussão pra lá de ampla que rende ótimas conversas e que, nos últimos tempos, viu muitas pessoas abordando pura e simplesmente a partir de dois pontos, a plataforma e o artista, sendo que como o próprio Paul McCartney falou, há diversas outras questões no meio.

A venda dos catálogos

Com o baixo retorno dos royalties pagos pelas plataformas de streaming, alguns artistas optaram pela venda de seus catálogos em troca de pagamentos únicos de altíssimos valores.

Até agora, nomes como Bob Dylan, Neil Young e Lil Wayne fizeram acordos milionários na venda de seus materiais.

Questionado sobre a possível venda de suas músicas, como as artistas citados acima fizeram, Paul McCartney revelou que não tem vontade de vendê-las.

"Estou muito orgulhoso de tê-las. Eu e John [Lennon] fomos um pouco enganados no início. Assinamos um pequeno contrato – não tínhamos ideia de quais contratos eram justos.

Lembro-me de dizer a esse cara: ‘Parece bom?’ E ele disse, ‘Sim!’ Então, nós assinamos. Mais tarde descobrimos que ele era nosso advogado. Nem sabíamos que ele era nosso advogado.

Comecei a fazer minhas próprias músicas, depois dos Beatles, e algumas músicas dos Beatles começaram a voltar. Sinto que estou cuidando delas, por isso não tenho vontade de vendê-las."

fonte/source: Tenho Mais Discos Que Amigos e Digital Music News

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